quarta-feira, 10 de outubro de 2007

me sinto só, me sinto tão seu.

Ele desenhava seu nome num pedaço de papel e ela se lembrou do seu caderno com as últimas folhas rabiscadas.
- Por que essa mania de escrever nossos nomes? Será uma forma de afirmação?, perguntou mais a si que a ele.
- Li qualquer coisa semana passada – e levantando os olhos para vê-la, continuou – se não me engano, é uma reação de quem se sente só.
E em seguida veio o silêncio. Ele voltou sua concetração nos desenhos do seu nome e ela começou a escrever o dela. E os dois, lado a lado, continuaram sozinhos.

[Digam o que disseremo mal do século é a solidão
Cada um de nós imerso em sua própria arrogância
Esperando por um pouco de afeição] Esperando por mim, Legião Urbana

terça-feira, 9 de outubro de 2007

matando a saudade.

Amanhã faz um mês que eu apareci aqui dizendo que ia postar regulamente. E olha que eu tinha mesmo essa intenção, afinal de contas, situações simpáticas acontecem o tempo todo, sem falar que preciso escrever, sabe? Preciso!

Não porque a minha futura profissão exige ou porque é uma coisa me agrada. Na verdade é bem maior que os dois motivos, embora eles sejam válidos. Descobri que preciso escrever pra organizar as minhas idéias e entender certas coisas.

Só quando escrevo que saio de mim e me dou conta do que acontece ao meu redor. Quando escrevo tomo uma dimensão que não é minha e me tenho como uma personagem desse filme que é a vida. Mas só quando escrevo.

É por isso que os meus cadernos são rabiscados de garranchos incompreensíveis.

No instante que os risquei, eu queria entender alguma coisa, mas com medo de ser descoberta por essas descobertas que são só minhas, eu as riscos de volta, para que ninguém as saiba.

É tão estranho esse lance da gente tentar se entender.

Qualquer pessoa pode estudar por uma semana sobre a Segunda Guerra Mundial e falar perfeitamente sobre as causas, os conflitos, a situação social, econômica, cultural, o caralho a quatro (desculpe o palavrão, mas nos últimos tempos eles entraram de uma forma no meu vocabulário!). E, perceba: estamos falando da Segunda Guerra, que você não foi antes, durante ou depois nos locais em que ela aconteceu, nem teve acesso aos documentos secretos, tampouco conversou com uma pessoa de participação direta, ou seja, o que você realmente sabe? E ainda assim, de um jeito fantástico e assombroso, toma ares de entendido e fala com toda propriedade, defendendo de forma enfática um ponto de vista.

Mas quanto a ti, que és a única pessoa que saberá exatamente como foi cada instante de vida, não se conhece, nem tem condições pra saber como se sentiu, porque sabe-se lá dos fatores que lhe influenciou, sejam elas razões inconscientes ou pressões silenciosas da sociedade na forma desses acordos pré-estabelecidos.

É por isso que eu tenho evitado tomar partidos e tenho saído de mim e entrado num ângulo além, pra buscar entender, mesmo que de forma vil, quem sou eu. Porque, de verdade, eu não sei!

Ps: Dessa vez sem falsas promessas. Se um dia der certo, eu volto! ;*