terça-feira, 1 de abril de 2008

Freud explica?

O que mais me agrada nas histórias de ficção – ou pelo menos na grande maioria delas – é que tudo no final se encaixa!
Depois de um mundo de desentendimentos, o bem reina contra o mal (ou até menos) e há um estrondoso final feliz (ou até mais).
E eu acho isso tão extraordinário que um lado enorme do meu ser acredita que com a gente acontece o mesmo, como se inevitavelmente fosse você encontrar aquele amigo que gosta muito e que as escolhas de cada um os levaram para caminhos diferentesdo e com um esbarrão no meio da rua e duas cervejas numa mesa de bar mais próxima, vocês estarão próximos de novo como nos velhos tempos.

A explicação mais lógica que eu encontro é eu ter sido uma artista romântica – bem sucedida ou frustrada, tanto faz – numa outra vida e aproveitado profundamente toda a lírica do meu movimento, morrendo exaltando o máximo da minha fantasia, inclusive, pra reencarnar nos dias de hoje entendendo de forma vaga que existiu um Realismo, mas não me adaptando a isso.

Como naquele filme ‘Adeus, Lênin’, em que uma socialista militante entra em coma e não vê o muro de Berlim caindo, nem a Alemanha Oriental virando capitalista. Quando acorda, seu filho comete todo o tipo de façanha pra que a mãe acredite que nada mudou. Só que o meu caso é bem pior, uma vez que eu mesma distorço a minha realidade, vivendo na esperança de um amanhã duvidoso.

Independente disso, nada me tira da cabeça que um dia eu terei a chance de lhe dizer que o amava naquela época; um dia falarei a ela que sempre acreditei na sua versão; um dia eu revelo todas as fotos acumuladas no computador; um dia eu mato aula e passo a tarde em Santa Elena; um dia eu leio todos os livros empilhados na estante; um dia atravesso o Rio Branco; um dia eu conto que sabia daquele segredo chegou a mim de forma torta (e independente disso, eu o guardei, afinal de contas, era um segredo); um dia eu mostro pro mundo que sou menos besta e mais perdida que apareço. E esse dia, quiçá, já chega.

[Se eu tivesse coragem de abandonar... de abandonar meus sentimentos? Se eu tivesse coragem de abandonar a esperança...] A Paixão Segundo G.H, Clarice Lispector

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