Foi tudo de uma vez!
Primeiro eu tinha acabado de postar um texto falando da minha maneira distorcida de vê o mundo; depois o post que condenava a forma de alienação das religiões recebia um comentário da Fernanda que, entre outras coisas, dizia “que religião, seja qual for, é para muitas pessoas uma válvula de escape, seja pra culpar ou dar crédito, [pois] elas precisam acreditar no sobrenatural ou coisa do tipo”, ao que concordei, muito embora questionando até que ponto essa válvula de escape é benéfica ou não.
E foi aí, justamente aí, que tudo deu um nó e entrei em colapso. Porque veja comigo: eu tinha acabado de me assumir alienada ao mesmo tempo em que condenava a alienação alheia.
Seria uma contradição? Ou pior, será que eu estava bancando a etnocêntrica, a demagoga – como nos tempos que me intitulava socialista por achar linda a idéia de igualdade com a divisão de riquezas, comprava tudo o que um cartão de crédito poderia, negando cinqüenta centavos ao menino da rua, porque 'quem dá dinheiro não dá futuro'.
Será que eu estava me enchendo de discursos vazios?
Então eu não consegui tirar esse turbilhão da minha cabeça! De um lado vem a minha certeza que um mundo feito à base do meu achismo está longe de ser o que pretendo, já que o contrário me atrai – como as mais das acaloradas discussões, análises, opiniões e todo o dinamismo que o raciocínio provoca! Eu só sabia que havia algo estranho, muito estranho, mas não o estava conseguindo identificar.
E foi graças ao trabalho de Sociologia que enrolei horrores, que a resposta chegou.
Por ironia do destino quem me respondia era o mesmo cara que me fez ser aliada dele (sem nunca ter lido uma obra sua) e depois de estudado um mínimo, ter me rebelado, virar sua opositora e agora, livre de partidos, me dá a chance de conhecer seu pensamento contextualizado com a sua época, afinal de contas, inteligência era uma das suas virtudes de Marx. (Além disso, viria descobrir, o problema não era Marx em si, mas aquilo que fizeram do pensamento dele).
Ele disse que Ideologia vai ser o pensamento de alguns intelectuais pra dominar a sociedade não pela força, mas pelo conhecimento. E da Ideologia nasce a alienação - em que ele enfatiza a partir do trabalho, mas também cita outras formas, entre elas a religião: o ópio do povo.
Pronto. Era tudo o que eu precisava pra respirar mais aliviada e juntar dois e dois, pois a questão não é a alienação em sim, pelo contrário. Eu fico num misto entre estado de graça e fascinação com a alienação de muitos que me cercam. A minha resistência se dá não quando a pessoa se aliena, mas quando se deixa alienar, isto é, quando segue algo que nem seu é, mas uma idéia imposta. Às vezes nem pensa ao certo o que faz. E o faz.
Deve ser por isso que nunca gostei que me chamasse para freqüentar cultos e nem de convidar ninguém a ir aos cultos que freqüentava. Quem quiser que vá atrás de uma fé, de conhecê-la, de saber se serve para você, como eu também vou atrás do que me falta, pensava. Porque no fim das contas, isso vai ser tão íntimo, tão pessoal, que seu ninguém tem o direito de meter o bedelho.
E essa é uma das razões que me faz acreditar que um mundo sem religiões poderia ser melhor. Sei lá, melhor pra mim. Então eu fico como estou e deixo o povo como está, né?! Beleza! (:
- Objetivos pessoais: ler ‘Deus, um Delírio’ de Richard Dawkins assim que sobrar um tempinho!
[Poderíamos ser melhores se não quiséssemos ser tão bons] Freud
sexta-feira, 4 de abril de 2008
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Um comentário:
bem..voltando ao que eu disse..
acho que se é benefico ou não..depende da dose.
como mãe tem costume de dizer "tudo demais enjooa,faz mal."
acredito que fé demais é obsessão,alienação...no entanto fé de menos não existe..existe apenas o suficiente, ainda que o suficiente seja nada..momentaneamente ou permanentemente..
e é aí que a coisa pega...as dúvidas aparecem e não sabemos se dizemos o oposto do que já haviamos dito..
mas é isso aí, quanto mais a gente pensa nas coisas, mas estuda, mas vive, mais aprende, dúvidas surgem outrora se esclarecem e assim vai..
mas um mundo sem religião...talvez desequilibrasse o ritmo do mundo..
penso que o bem e o mal existem pra equilibrar..pra que nada seja sempre de um lado só..pra que sempre existam questionamentos, aprendizagem..
é o que eu penso..
;*
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